Acredite se quiser, mas a primeira corrida de Fórmula 1 não foi o Grande Prêmio da Grã-Bretanha em 1950. Na verdade, essa honra vai para o Grande Prêmio de Turim em 1946, o primeiro evento realizado sob regulamentações de F1, vencido por Achille Varzi em um Alfa Romeo 158. Em 1950, o antigo Campeonato Europeu de Pilotos de 1931-1938 havia sido revitalizado, e o Campeonato Mundial de Pilotos de Fórmula 1 da FIA foi inaugurado, com sete corridas no calendário daquele ano selecionadas para contar para o título dos pilotos. Na realidade, apenas seis dessas corridas contariam, já que as 500 Milhas de Indianápolis foram incluídas como um grande prêmio do campeonato mundial para firmemente colocar o ‘mundial’ em um campeonato mundial, que de outra forma acontecia principalmente em circuitos europeus nesses primeiros anos – e que, 75 anos depois, ainda causa confusão com as estatísticas oficiais da F1.
Mas em 13 de maio de 1950, tudo estava pronto para a Rodada 1 do Campeonato Mundial de Pilotos de 1950, o Grande Prêmio da Grã-Bretanha em Silverstone. Silverstone, no coração da zona rural inglesa na fronteira de Northants-Bucks, era uma antiga base da RAF para bombardeiros Wellington (daí a moderna Wellington Straight), e o circuito naquela época parecia muito diferente do que é hoje. A linha de largada/chegada estava localizada em uma reta entre Abbey (Curva 1 hoje) e Woodcote, com Copse, Chapel, a Hanger Straight, Stowe, todos assumindo seu visual familiar, enquanto Maggots e Becketts não. Os varredores de alta velocidade só viriam a existir nos anos 1980, com Becketts, em particular, sendo uma curva longa.
O cenário estava montado, e o entusiasmo era palpável. Os fãs, que já começavam a se tornar uma legião apaixonada, lotavam o circuito em busca de velocidade e emoção. Afinal, quem não gostaria de ver aqueles bólidos voando pelas pistas, desafiando as leis da física e os limites humanos? A sensação de estar presente no nascimento de algo tão grandioso quanto a Fórmula 1 é algo que, mesmo em retrospecto, arrepia a espinha.
Os carros, naquela época, obviamente não tinham toda a tecnologia de hoje, mas não se engane: muitos dos princípios básicos que definem um verdadeiro carro de corrida já estavam lá. Engenharia de ponta, coragem inabalável dos pilotos e a busca incessante pela vitória. E mesmo sem os computadores e simulações de hoje, os engenheiros não dormiam no ponto. Cada ajuste, cada decisão tomada nos boxes podia significar a diferença entre a glória e o esquecimento.
A primeira corrida do campeonato mundial em Silverstone foi um verdadeiro espetáculo. Com pilotos ansiosos para deixar sua marca e construtores determinados a mostrar suas máquinas, o evento consolidou a Fórmula 1 como um esporte que não apenas sobreviveria, mas prosperaria nas décadas seguintes. E aqui estamos, 75 anos depois, ainda maravilhados com a magia que começou naquele dia. A Fórmula 1, com seus altos e baixos, continua sendo um dos maiores espetáculos da Terra. E pensar que tudo começou com uma corrida em uma pista que já foi uma base aérea, onde os sonhos de velocidade ganharam asas.